A doença do refluxo g astroesofágico(DRGE) ou refluxo gastroesofágico é uma doença digestiva comum em todo o mundo, na qual o ácido estomacal retorna para o esôfago devido a uma disfunção do esfíncter esofágico inferior, a válvula que permite que o alimento passe de um ponto a outro. Na Espanha, estima-se que entre 9,8% e 15% da população sofra desse distúrbio, sendo o estresse, os hábitos alimentares pouco saudáveis e o histórico familiar alguns dos fatores que favorecem seu aparecimento.
Entretanto, além das complicações graves que essa condição causa no sistema digestivo, o ácido estomacal também pode causar problemas na boca, tanto nos tecidos duros quanto nos moles.
Efeitos da DRGE na saúde bucal
A exposição constante da boca ao ácido estomacal pode causar vários problemas nos dentes, nas gengivas e em outras partes da boca.
Desgaste dentário
Uma das complicações bucais mais graves associadas ao refluxo gastroesofágico é a perda progressiva e irreversível da estrutura dentária. O ácido gástrico que chega à boca desgasta gradualmente o esmalte, o que, se não for tratado a tempo, acaba causando cáries e sensibilidade nos dentes. A erosão dentária também leva à descoloração dos dentes, deixando-os opacos, amarelos ou manchados, e os torna mais propensos a fraturas.
Formação de cáries
O pH da boca é reduzido pela presença de ácido gástrico, o que altera o equilíbrio das bactérias e estimula o crescimento das bactérias que causam a cárie dentária. Se as cavidades nos dentes causadas pela cárie dentária não forem tratadas adequadamente, elas podem se aprofundar e levar à infecção. Se a infecção se espalhar para a gengiva e para os ossos que sustentam os dentes, pode até levar à perda dos dentes afetados.
Mau hálito
A halitose ou mau hálito também é um problema comum em pessoas com DRGE. Como a flora bacteriana da boca é afetada pela presença do ácido estomacal, ela estimula o crescimento de microrganismos que produzem compostos sulfurados voláteis, responsáveis pelo mau hálito. Além disso, a presença desses ácidos pode gerar um gosto amargo ou azedo na boca que piora a percepção da halitose.
Doenças da gengiva
As bactérias que causam o mau hálito podem causar inflamação das gengivas, o que pode levar ao desenvolvimento de doenças periodontais. Uma delas é a gengivite, que deixa as gengivas vermelhas, inchadas e com sangramento. Se não for tratada, pode evoluir para periodontite, um estágio mais avançado que afeta os tecidos que sustentam os dentes.
Boca seca
A saliva desempenha um papel importante na proteção dos dentes: ela ajuda a neutralizar os ácidos e a retardar o crescimento bacteriano, mantendo o pH da boca equilibrado para evitar muitos dos problemas mencionados acima. Apesar disso, a DRGE pode influenciar tanto a quantidade quanto a composição da saliva, afetando sua função protetora.
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Grupos vulneráveis no refluxo gastroesofágico
Todas as pessoas diagnosticadas com refluxo gastroesofágico correm o risco de desenvolver complicações orais, mas certos grupos podem ser mais suscetíveis e devem prestar atenção especial aos sintomas.
Mulheres grávidas
Durante a gravidez, o corpo da mulher passa por uma série de alterações hormonais que, por si só, afetam o funcionamento adequado de vários sistemas, inclusive o sistema digestivo. Por exemplo, os níveis de progesterona são muito mais altos nessa fase e têm a capacidade de relaxar os músculos lisos, como o esfíncter inferior do esôfago. Isso, somado à pressão do útero sobre o estômago, torna as mulheres mais propensas ao refluxo.
Pessoas com obesidade
Os grupos vulneráveis também incluem pacientes com doenças crônicas, como a obesidade. Devido à pressão que o excesso de peso exerce sobre o abdômen, essas pessoas são mais propensas ao aumento dos ácidos gástricos e a causar complicações na boca. Além disso, esses pacientes geralmente apresentam distúrbios metabólicos que podem alterar a produção e a composição da saliva, o que facilita o crescimento bacteriano na boca.
Pacientes com diabetes
O diabetes enfraquece a capacidade do corpo de curar os tecidos, portanto, os pacientes com essa condição correm ainda mais risco de infecção. As complicações orais desencadeadas pela DRGE, além daquelas causadas pelo próprio diabetes, como gengivite, xerostomia ou candidíase oral, exigem atenção cuidadosa do paciente, juntamente com o dentista e outros especialistas.
Pessoas com doenças respiratórias
Pessoas com asma, DPOC e outras doenças respiratórias crônicas costumam tossir com frequência e sofrer de regurgitação, sintomas que facilitam a chegada do ácido estomacal à boca. Elas também tendem a produzir menos saliva devido às dificuldades respiratórias, piorando os problemas bucais.
Cuidados bucais para DRGE
Recomenda-se que os pacientes com refluxo gastroesofágico façam check-ups regulares para detectar precocemente possíveis complicações orais, e é melhor envolver dentistas e gastroenterologistas para uma abordagem interdisciplinar. Enquanto um trata os sintomas digestivos do refluxo gastroesofágico, o outro pode oferecer prevenção.
Em episódios de vômito, é melhor não escovar os dentes até 30 minutos depois para não espalhar o ácido pelos dentes. Em vez disso, você pode neutralizar o ácido enxaguando a boca diretamente com água ou com uma solução específica que ajude a eliminar a acidez. Você pode fazer esses enxágues mesmo que não tenha vomitado, desde que sinta a acidez na boca.
É importante realizar uma higiene bucal completa e constante, com creme dental com flúor para fortalecer o esmalte dos dentes, além de levar em conta as indicações dos especialistas para controlar o pH bucal em cada caso. Uma boca saudável não apenas reduz os efeitos da DRGE, mas também melhora a qualidade de vida dos pacientes.