O papel da odontologia em relação a COVID-19 O que sabemos até agora?

Autor: Vinicius Rabelo

Graduação em Odontologia

Serviço de Emergência Odontológica de Piracicaba, Brasil

Universidade Federal da Bahia, Brasil

Odontologia em COVID-19

Cirurgiões-dentistas de todo o mundo foram afetados de diferentes maneiras pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), responsável pela pandemia COVID-19 ( Doença do Coronavírus 2019). A prática da Odontologia nesse novo cenário trouxe incertezas geradas pelo alto risco de contaminação inerente aos procedimentos odontológicos, novos protocolos de biossegurança, além de dificuldades financeiras relacionadas ao aumento exponencial dos custos com equipamentos de proteção individual (EPIs), confinamentos e redução do número de pacientes atendidos. Todas essas mudanças, aliadas ao forte impacto emocional do medo de contrair e transmitir a doença, levaram à aposentadoria precoce de muitos profissionais.

Todas as perguntas não têm respostas?

Perguntas que ainda não foram totalmente respondidas pela ciência ainda estão presentes na rotina dos dentistas clínicos ou especialistas, como, por exemplo

O que mudou em relação aos padrões de biossegurança e qual é o seu impacto na prática odontológica?

A pandemia COVID -19 trouxe à tona a revisão contínua dos protocolos de biossegurança, envolvendo mudanças desde a entrada de pacientes nas áreas de recepção de clínicas e consultórios, ajustes estruturais e horários de funcionamento, até a incorporação permanente de EPIs e roupas na prática odontológica. prática odontológica. O agendamento de consultas agora envolve recomendações internacionais sobre a aplicação de questionários de saúde com o objetivo de filtrar pacientes com sintomas semelhantes aos da gripe ou que tenham tido contato com pacientes infectados nos últimos 14 dias. A medição de temperatura tornou-se prática padrão quando os pacientes entram em estabelecimentos comerciais e/ou de saúde, além do aumento do espaçamento entre as consultas para evitar aglomerações na sala de espera e a indispensável renovação de ar na sala de atendimento. Funcionários e Cirurgiões-Dentistas tiveram que mudar a forma de se vestir no trabalho, incorporando, de uma vez por todas, pijamas cirúrgicos em sua rotina de atendimento clínico, máscaras FFP2, protetores faciais e aventais descartáveis obrigatoriamente trocados a cada paciente atendido. Restrições sanitárias impostas pelos Estados e Municípios aos horários de funcionamento dos estabelecimentos, toques de recolher e confinamentos ocasionais provocaram queda abrupta na produtividade, o que, somado ao aumento exponencial das despesas, gerou um forte impacto econômico nas clínicas e consultórios.ltos. A recuperação ainda tem sido difícil para muitos profissionais, devido à baixa demanda por serviços de saúde, aliada à alta taxa de desemprego da população e ao medo de contaminação ao sair de casa.

Qual é a influência da saúde bucal na COVID-19, as manifestações bucais da doença e qual é o papel do Cirurgião-Dentista nesse contexto?

A sociedade científica apresentou vários relatos de casos e séries de casos que mostram as principais manifestações orais causadas pelo vírus SARS-CoV-2. Assim como em outras infecções virais, a presença de bolhas, vesículas, pústulas e lesões ulceradas são frequentemente identificadas como manifestações orais dessa patologia. Placa, halitose, disgeusia, pigmentação, pápulas, língua fissurada ou descolada, edema lingual e de outras mucosas, entre outros, também são relatados. Dada a diversidade de características clínicas, o profissional deve ser capaz de fazer o diagnóstico diferencial entre o SARS-CoV-2 e outras patologias, proporcionando, assim, o manejo adequado desses achados bucais. Isso ressalta o papel do cirurgião-dentista no acompanhamento desses pacientes, evitando possíveis complicações em que a cavidade bucal possa estar envolvida. 

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Quais são as recomendações para pacientes infectados ou com sequelas de COVID-19?

Diversas sociedades vêm publicando recomendações sobre a realização de procedimentos clínicos e cirurgias eletivas em pacientes pós-infecção pelo COVID-19. É importante que essas informações sejam divulgadas e padronizadas entre os demais profissionais de saúde, especialmente o cirurgião-dentista, devido à natureza de seus procedimentos. Em uma publicação recente, a Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) traduziu para o português as diretrizes recomendadas para o atendimento de pacientes pós-infecção porCOVID-19 pela American Society of Anaesthesiologists (ASA) e pela Anaesthesiology Patient Safety Foundation (APSF). Para procedimentos clínicos e cirurgias eletivas em pacientes infectados com COVID-19, a recomendação geral é que sejam adiados até que o paciente esteja totalmente recuperado e atenda aos critérios de isolamento por um período de 14 dias após o início dos sintomas. Estudos de pacientes submetidos a testes seriais de RT-PCR para SARS-CoV-2 indicam que os pacientes infectados apresentam baixo risco de transmissão a partir de 10 dias após o início dos sintomas e, em 95% desses pacientes, a replicação viral não estava presente 15 dias após o início dos sintomas. No entanto, o Center for Disease Control (CDC) recomenda que a descontinuação pós-isolamento do COVID-19 também leve em conta dados como a ausência contínua de sintomas (por exemplo, tosse, falta de ar e febre) ou a necessidade de medicação para controlar os sintomas. Como a infecção pelo COVID-19 pode afetar os sistemas e órgãos dos pacientes, é importante que o cirurgião-dentista realize uma avaliação pré-cirúrgica individualizada para determinar o momento exato da retomada do tratamento em pacientes pós-COVID-19. De acordo com um documento publicado pela SBA, os tempos de espera para cirurgia eletiva nesses pacientes são:

  1. Quatro semanas para um paciente assintomático ou após a recuperação de sintomas leves.
  2. Seis semanas para um paciente sintomático (por exemplo, tosse, dispneia) que não precisou de hospitalização.
  3. Oito a dez semanas para um paciente sintomático que seja diabético, imunossuprimido ou que tenha sido hospitalizado por complicações de COVID-19.
  4. Doze semanas para um paciente internado na UTI por complicações do COVID-19.

Mesmo com todos os cuidados e diretrizes seguidos, é importante considerar a flexibilidade desses tempos devido à extensão do procedimento cirúrgico odontológico, às comorbidades associadas e à presença de sintomas residuais, como fadiga, dispneia, dor torácica e complicações cardiovasculares.

Considerações finais

Mesmo com o desenvolvimento futuro de tratamentos específicos para a infecção pelo COVID-19 e novas vacinas, é provável que a prática odontológica nunca mais seja a mesma. Devido ao alto índice de publicações científicas sobre o assunto nos últimos meses e às constantes mudanças nas diretrizes, a atitude mais significativa a ser adotada por todos os profissionais de saúde é considerar todo paciente como potencialmente infectado pelo COVID-19. O papel do Cirurgião-Dentista diante do COVID-19 envolve a prevenção da contaminação de novos pacientes e de sua equipe, o diagnóstico e o tratamento das principais manifestações bucais e a educação dos pacientes e de seus familiares.

BIBLIOGRAFIA

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